Escrito por: Prof ° José Eduardo de Lima Souza D.O. MRO(Br)
Docente do IDOT
A dor é um sinal de alarme do organismo e quando manifestada mostra que algo errado está acontecendo, seja  na pele, músculos, vÃsceras ou sistema nervoso. A partir daÃ, são liberadas substâncias que ativam os nervos periféricos e centrais,  e estes, conduzem o estimulo até a medula onde a sensação dolorosa é modulada e segue até o cérebro afim de mostrar que em determinado local existe um problema.
Uma vez entendida a função do plasma na defesa de lesões traumáticas e não traumáticas no organismo, é de extrema importância definir quais são as vias de entrada da defesa do corpo. A principal e mais potente é o sistema hematológico (sangue), porém o axoplasma também pode desempenhar esta função quando o fluxo de sangue no tecido agredido está comprometido.
O axoplasma desempenha um papel fundamental para o equilÃbrio do organismo, o estudo da sua função fisiológica é necessária para compreender como uma disfunção a nÃvel de condução elétrica entre o sistema nervoso central (SNC) e periférico  é capaz de alterar esse equilÃbrio e ter uma relevância clÃnica importante.
A normalidade desse fluxo axoplasmático atua diretamente em 3 funções primordiais: comunicação entre o SNC e periférico, auto-cura e analgesia.
Existe uma ligação importante entre o sistema arterial e a formação do LÃquido Céfalo RaquÃdeo (LCR) que posteriormente dará origem ao axoplasma. Esta formação depende da artéria carótida que, quando se une ao plexo coróide localizado no ventrÃculo lateral, desempenha o papel de separar o plasma das hemácias. Quando o plasma adentrar ao ventrÃculo passará a se chamar liquido céfalo raquidio (LCR) e tem a função de proteger o SNC e carrear estÃmulos elétricos.
Quando esta formação estiver concluÃda, o Movimento Respiratório Primário (mecanismo bastante conhecido pelos osteopatas) realiza a função de movimentar o LCR entre os ventrÃculos e a medula e quando esse lÃquido entra no SNP, passa a se chamar axoplasma. O ritmo crânio-sacral exerce uma função direta na movimentação desse lÃquido.
É de extrema importância que o osteopata conheça o percurso das artérias, em especial a carótida, e os pontos mais comuns onde uma lesão osteopática pode diminuir o volume sanguÃneo (parâmetro menor) alterando assim a formação do LCR.
Os locais mais comuns de disfunções: diafragma cervico-torácico, lesões em C7/T1, lesões em ERS ou FRS a nÃvel de C3 à C6, diafragma atlanto-occiptal, lesões de flexão de OAA.
O LCR, através da pressão hidrostática exercida na sua movimentação entre os ventrÃculos, auxilia na ativação de estruturas presentes na parede interna dos ventrÃculos ex.: hipófise.
Para que todas as funções do organismo ocorram é necessário uma comunicação entre os demais sistemas e o SNC. Essa comunicação é feita pela eletricidade que transita pelos nervos até o SNC e, a resposta do SNC para os sistemas também depende da eletricidade e dos nervos. Um dos mais potentes carreadores de eletricidade existentes no planeta é a água, e a condução da eletricidade dentro do corpo é feita pelo axoplasma, um lÃquido translúcido quase transparente que se assemelha à agua na sua consistência.
Diversos fatores podem interferir nessa consistência do axoplasma e essa interferência consequentemente altera essa comunicação que deveria ser imperceptÃvel ao corpo, a eletricidade percorre o trajeto neural numa velocidade tão alta ao ponto de não sentirmos esse movimento. Independente do fator que altera a viscosidade do axoplasma, essa alteração faz com que a eletricidade permaneça por mais tempo no nervo, podendo assim explicar que o sintoma neural na maioria das vezes tem o formigamento como queixa principal.
Fatores de interferência fÃsica: é importante o osteopata conhecer o trajeto do nervo que apresenta o sintoma, desde a comunicação anatômica do crânio com a coluna até o final de seu trajeto.
Fatores de interferência nutricional: na grande maioria das vezes esse fator não é a causa principal, mas contribui diretamente no processo de cura do próprio paciente. Alimentos e medicamentos que interferem na desidratação e retenção hÃdrica devem ser levados em consideração na anamnese do osteopata, álcool, sal, proteÃna animal e medicamentos com glicoesteróides, são elementos que participam do meio ambiente do paciente e seu uso deve ser diminuÃdo ou até mesmo extinto da alimentação na fase de tratamento. Também é papel do osteopata orientar no aumento considerável na ingestão de água visando o equilÃbrio hÃdrico nos sistemas.
A analgesia é fator importante na prática clÃnica do osteopata e tem uma ligação direta com o sistema nervoso. Os opióides endógenos (fabricados pelo corpo) são formados na hipófise e vão para a corrente sanguÃnea, e para realizarem sua função (analgesia) necessitam da ação dos neurorreceptores que se movimentam via axoplasma, portanto, dependem da normalidade do fluxo para chegar ao tecido lesionado ou inflamado. Os opióides que causam a analgesia são atraÃdos pelos neuroreceptores Mu, Sigma e Kappa que se locomovem via sistema neural quando o tecido que sofreu a lesão necessita de um fluxo sanguÃneo e neural de qualidade para exercer o processo de auto cura e a analgesia necessária para realização de gestos em seu meio ambiente.
É fundamental o osteopata entender que em um processo de auto cura existe algo além das alterações mecânicas fáceis de serem detectadaas por mãos hábeis. Por trás de todas estas alterações fÃsicas, existe um mundo quÃmico que participa diretamente no processo de cura e que mudanças fÃsicas proporcionadas com o contato mecânico interferem e em muitas vezes potencializa todas a vias de entradas da substâncias curativas.